domingo, 23 de junho de 2013

PARA ONDE VÃO OS CARRAPATOS NO INVERNO?

As condições climáticas do inverno, tais como temperaturas mais baixas, menor umidade do ar, reduzem a infestação do carrapato, mas não significa que o problema desaparece. Se nada for feito, explodirá novamente na próxima primavera. O ciclo de vida do carrapato divide-se em duas fases distintas. A de vida parasitária, no bovino, onde a larva muda para as formas de ninfa e depois adulta, e onde há o acasalamento e os prejuízos à produção animal. Este período dura em média 22 dias, sem grandes variações, pois o parasito tem alimento e temperatura constantes para seu desenvolvimento no hospedeiro. A outra é a fase de vida livre, iniciada com a queda da teleógina (fêmea repleta de sangue) no solo, a produção dos ovos e a liberação das larvas que irão infestar novamente os bovinos. Já sua duração, diferente da anterior, tem influência de fatores ambientais, podendo durar semanas ou meses, conforme o clima e o ano. São artimanhas que os carrapatos desenvolveram ao longo de sua existência para sobreviver ao ambiente desfavorável e manter sua espécie viável através do tempo.
Segundo Pereira (1982) dentre as estratégias de sobrevivência dos parasitos estão: a dilatação no período pré-postura; o retardo na postura efetiva, na incubação e na eclosão dos ovos; uma menor atividade das larvas (economia energética), dentre outras ações que visam garantir a sobrevivência do parasito até que as condições ambientais sejam mais favoráveis. Qual o significado prático destas informações? Somando as diferentes etapas durante a fase de vida livre podemos ver que o carrapato poderá sobreviver por mais de 150 dias no ambiente, atravessando o inverno sem grandes dificuldades, mesmo em condições climáticas hostis.
Teleóginas que caem no outono irão produzir as larvas que facilmente comporão a infestação da próxima primavera. Mesmo durante o inverno, se as larvas subirem no hospedeiro se iniciará a fase parasitária, independente do clima, e de cada larva que chega à adulta surgirão 3.000 larvas novas para infestar seu rebanho. Um crescimento exponencial e assustador. Estes conhecimentos são importantes para o estabelecimento de Programas de Controle do Carrapato que visam reduzir a infestação no animal e no ambiente, impactando as novas gerações de larvas infestantes. A morte de
inúmeras larvas no inverno,  que reduz a infestação parasitária na primavera, leva o produtor à falsa sensação que o problema reduziu e ele acaba adotando medidas de controle mais brandas e, em geral, de eficácia questionável. Estas medidas favorecem a volta do problema aos patamares anteriores. Importante agir no controle do carrapato no outono/ inverno, reduzindo a disponibilidade de ovos e larvas para a primavera, quando as condições são ótimas ao desenvolvimento parasitário. Devemos usar o clima como aliado neste processo.

Fonte: Angus News, edição nº 62, ano 14.